San Ignácio Mini (hoje na Argentina)

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(Composição e redação da introdução de Julia Lamoglia Simas Pinna)

Os jesuítas José Cataldinho e Simón Maceta fundaram, em 1610, a Redução San Ignácio Mini. Sua primeira localização remete ao norte do Paraná, no município de Santo Inácio. Entretanto, devido as invasões dos bandeirantes deixaram essa localização em 1629 e se instalando-se na a Argentina em 1631. Todavia, foi apenas em 1696 que se fixaram em um lugar definitivo, até sua expulsão pela coroa espanhola em 1767.

A Missão teve sua restauração iniciada nos anos 40 e em 1984 foi reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO.

San Ignácio é um dos mais belos e conservados exemplos das Missões. Foi construído com pedra grés vermelha no estilo por alguns denominado “barroco-guarani”. No sítio histórico é possível identificar os locais em que ficavam as casas dos indígenas, dos padres jesuítas, o colégio, o cemitério, a Casa Paroquial e sua Igreja que apresenta 74 metros de comprimento e 24 de largura. Além das ruínas, o sítio histórico abriga ainda o Museu Jesuítico de San Ignácio Mini, onde a história missioneira é relembrada. À noite é possível assistir a um show de luzes e imagens projetadas nas paredes das ruínas que mostram como foi a vida em uma Missão, de uma forma diferente e criativa.  

Uma boa reportagem executada pela Rede Globo-PR.:
http://redeglobo.globo.com/rpctv/meuparana/noticia/2016/11/meu-parana-mostrou-como-foi-primeira-missao-jesuitica-do-brasil.html

Após esta apresentação histórica da reportagem da emissora brasileira situaremos San Ignácio Mini, hoje envolvida urbanamente pelo povoado do mesmo nome. Às margens do Rio Paraná, próxima de Posadas e dos sítios patrimoniais de Candelária, Loreto, Santa Ana e Mártires, a Missão Jesuítica de San Ignácio atrai pela qualidade do estado de conservação do sítio estereotômico-arqueológico.

San Ignácio Mini reserva algumas preciosidades para aquele que a visita. A primeira delas é uma mostra dos objetos obtidos pela arqueologia argentina, no local do sítio patrimonial.
O Museu, que possui reserva técnica muito bem cuidada, está instalado em uma edificação neo-colonial, imagem abaixo:


A reconstituição em maquete (que se encontra no museu local) mostrada na sequência abaixo, dá idéia da harmonia do conjunto missioneiro, embora não trate de todo o espaço ocupado por San Ignácio Mini, uma vez que diversos autores relatam que o número de vivendas era maior; a placa de sinalização local também aponta para essa diferença, acentuando inclusive a irregularidade de alguns traçados não presentes na maquete.

Todavia, através do modelo reduzido se pode identificar a ordenação urbana determinada pelo Pe. Diego de Torres Bollo (como não poderia deixar de ser, uma interpretação dos tratados urbanísticos europeus). A ordenação situava as Igrejas no eixo de simetria da Praça de Armas. Isso gerou nas Reduções, uma perspectiva monumental, fantástica. O Pe. Bollo, implantou a província jesuítica “Paraqvaria“, desmembrada da província peruana. Com este jesuíta, viram da Itália e da Espanha, quarenta e cinco missionários.

As imagens abaixo mostram em riqueza de detalhes uma parte de uma fonte-chafariz esculpida em pedra itacuru. Os motivos fitomórficos dão movimentação e alegria ao conjunto.

No Museu da Redução, encontram-se diversos objetos, instrumentos musicais, relógio de Sol, pilões, ânforas e cestos.

Através da musicalidade os jesuítas conquistaram o sentimento espiritual dos guaranis; a atuação do ex-músico e padre oriundo da Andaluzia Juan Baisseau, (também conhecido como Juan Vaseo) foi fundamental para essa modalidade de doutrinação. Explorando a curiosidade e talvez as aptidões musicais do gentio guarani, reproduziam cantos e corais cristãos. Vaseo também introduziu e orientou nas oficinas missioneiras a fabricação de instrumentos musicais para serem utilizados de forma litúrgica e em alguns casos de maneira marcial, em desfiles e outras festividades não religiosas. Dentre os instrumentos musicais fabricados nas reduções encontram-se: tambores, clarins, clarinetes, flautas, trombetas, cítaras, cornetas, violinos, harpas e liras.

Impressas na cerâmica, conforme descreve o cartão anexo na próxima imagem, “As pegadas eram tradição ceramista dos guaranís pré-hispânicos, mostradas em objetos achados nas reduções. Pés, mãos, braços e até assinaturas dos artesãos ficaram registrados nas peças”.



Após detida e atenta visita ao Museu, o caminho de aceso à Missão reserva ao visitante uma das mais belas perspectivas das Missões.

Logo na entrada, encontram-se “vilas; a Estereotomia se apresenta de maneira bastante irregular, nestas “vivendas”. Longe de se comparar àquela encontrada em Jesús de Tavarengué.

Inicialmente, as casas dos Guarani, eram feitas principalmente em tijolos de Adobe e cobertas com palha. Posteriormente, passaram a ser executadas em pedra  muitas vezes revestidas. Eram unidades geminadas, cobertas com telhas de cerâmica, muitas vezes com paredes divisórias móveis para respeitar o costume índio do espaço interior único. Nas Minas do Brasil colonial também se encontram vivendas similares, ali denominadas “Bom-será”.

As Reduções repetiam o costume de agrupamento dos índios, mas suprimiram o nomadismo e o sentido de aldeia. Foram portanto, uma nova forma de organização social.

Uma vez ultrapassado o limite populacional de uma redução, fundava-se outra, para absorver o excesso.
•As casas dos índios dispunham-se em “vilas”, que eram distanciadas entre si, para que o fogo não se propagasse em caso de incêndio.

•A evolução missioneira é classificada em 3 “idades-construtivas” diferentes, em função da técnica adotada:

A primeira, quando cessaram as Missões nômades, surgindo os primeiros assentamentos. Os primeiros edifícios eram manufaturados em sistemas precários, como a taipa de pilão, o adobe e o pau-a-pique.

Na segunda etapa (final do século XVII), surgem os prédios com paredes de pedras e coberturas de cerâmicas. A cal era inexistente ainda e a argamassa era de barro, com algum aglutinante.

Na  terceira etapa se utilizou a argamassa de cal, o que tornou a parede de pedra muito mais resistente, possibilitando a execução de arcadas, abóbadas e cúpulas.