Fuerte San Miguel (hoje no Uruguai)

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(Texto histórico composto e editado por Julia Lamoglia S. Pinna. Texto técnico Prof. Dr. Dalton A. Raphael.)

Notícia Histórica:
Forte San Miguel, localizado no Departamento de Rocha, no Uruguai, foi construído pelos portugueses com função de resguardar a antiga Linha de Castillos Grande de ações espanholas.

Sua estrutura foi erguida em 1737, em alvenaria de pedra granítica rosada com formato poligonal retangular, com dois baluartes nos lados menores. O autor da planta foi o engenheiro militar Brigadeiro José da Silva Paes. Em 1940 sua planta havia sido modificada para um formato estrelado, com quatro baluartes nos vértices em estilo Vauban, com as muralhas e as edificações internas de serviço erguidas em aparelho irregular de alvenaria de pedra.

A partir de 1761 com o tratado de El Pardo, Portugal começou a construir uma linha de defensiva fortificada no Arroio Chuí, ao sul do Forte San Miguel para impedir a tomada espanhola. Apesar dessa providência as forças espanholas conseguiram tomar o forte em 1763. Posteriormente a isso, os espanhóis realizaram reparos e reforços na estrutura.

No tratado de Maio de 1852, após a independência do Uruguai em 1828, foi estabelecida a demarcação fronteiriça pelo Arroio do Chuí, assim o Forte San Miguel permaneceu no território uruguaio. O histórico forte encontrava-se em ruínas, sendo restaurado apenas depois do centenário da independência. Desta forma, foi reconstruído a partir do primeiro plano, utilizando técnicas de cantaria e de construções do século XVIII. Em 1937, foi declarado como Monumento Nacional.

Atualmente, o forte encontra-se aberto ao público, abrigando o Museu de História Militar, onde acomoda os uniformes militares, armamentos, condecorações e objetos do período colonial, possibilitando a observação da história e cultura do Uruguai.

Uma antiga construção erguida no mandato das forças espanholas sob o comando do Alferes Estebán del Castillo, entretanto essa fortificação foi abandonada.

A estrutura existente foi realizada pelos portugueses concedendo sua reconstrução ao engenheiro militar, já citado Brigadeiro José da Silva Paes. A função do forte era resguardar a Linha de Castillos Grande, das ações espanholas. Sua estrutura reerguida em 1937 era alvenaria de pedra, tendo sua planta um formato poligonal retangular, com dois baluartes nos lados menores. O autor foi Manuel Gomes Pereira.

No centenário da Independência do Uruguai, em 1928, foram realizados restaurações e resgate da história desse forte. Foi reconstruído a partir dos planos originais, utilizando técnicas de cantaria e de construção da época. Em 1937 foi declaro como Monumento Nacional.

Situado a poucos metros da fronteira com o Brasil. As fotos abaixo, extraídas do Google Earth, podem auxiliar na visualização de quanto na “borda” (literalmente), do Uruguai com o Brasil se situa este forte (em linha reta, cerca de 600,0m).

A fotomontagem abaixo teve a finalidade de mostrar toda a fachada Nordeste (principal) do “Fuerte San Miguel“, impossível de ser fotografado sem distorção em uma única foto.

A planta baixa que se segue, apesar de algumas pequenas diferenças, é bastante fiel ao forte que foi erguido.

Muito bom será se o interessado notar que a falta do chanfro (ou do arredondamento cônico) no ângulo agudo da tenalha, possibilitou, que a própria ação do tempo desgastasse às pedras desses cantos. Nas demais fotos acima, o próprio embasamento aflora intencionalmente, formando uma simpática calçada em torno do perímetro do Forte San Miguel.

Conforme se verifica na aba “Teoria 1” do menu, em San Miguel, o assentamento das pedras é, em alguns locais, aquele classificado como pseudo regular. Em outros, como em destaque de primeiro plano na terceira foto abaixo, absolutamente regular, com decupagem de paredes inclinadas,

O fosso se prestava a impedir a aproximação do inimigo, mas sobretudo impedir a movimentação natural, o que aumentava as chances de defesa. No caso do “Fuerte San Miguel“, o fosso é só fronteiriço, junto à ponte levantadiça. Nas duas últimas das fotos que se seguem, pode-se vislumbrar o sistema de alavanca, utilizado para levantar a ponte, através das correntes. Uma vez, mesmo ultrapassado o fosso, com a ponte suspensa e os portões fechados, o ataque estaria fadado a ser lento, contido e limitado.

No interior do “fuerte“, em posição fronteiriça ao pórtico de acesso, há uma capela. Sendo muito menor do que a Fortaleza de Santa Teresa, internamente a divisão de funções é mais justa e complexa. Quarteis, paiol, rancho, cozinha e comua, praticamente se ajuntam, avizinhando-se dos passadiços superiores e das tenalhas.
Um magnífico poço interno de Estereotomia, cujo projeto é explicado na aba da Teoria 1 (Decupagem de cantos arredondados), completa esta praça de armas e manobras. Nas fotos, o poço está coberto de vegetação aquática. A escada, cuja dimensão da largura é progressiva, complementa a Estereotomia do poço.


O texto na imagem acima ilustra o poder que exercia o Capelão em uma unidade militar dessas.
A pequena e singela capela de pedra traz algumas singularidades, como a linda cimalhinha real, meticulosamente esculpida para, aumentando a seção da parede (ou muro), poder receber a carga do telhado e promover não só a estabilidade do telhado (com seu madeiramento), mas sobretudo o embelezamento da edificação sagrada, de acordo com o merecimento desta.

O acesso aos baluartes ou tenalhas e as guaritas se faz através de quatro escadas de cerca de 1,20 m de largura.


No piso superior, de qualquer passadiço que se esteja, também se divisa todo o interior do forte, possibilitando grande chance de defesa em caso de improvável invasão. Um detalhe que chama a atenção no “Fuerte San Miguel“, é que a Estereotomia predomina gloriosamente. Excetuando-se os canhões, o madeiramento e o forros cerâmicos (isolamento térmico) a as telhas propriamente ditas tudo é pedra encaixada. Cada uma habita seu sítio e ali compõe o todo.

Atrás da capela, no passadiço superior, situa-se a comua (ou latrina), algo diferente daquela encontrada na Fortaleza de Santa Teresa. Aqui, as matérias fecais expelidas caem ao relento no terreno ao sudoeste do forte. Apesar da qualidade da terceira foto (ampliação da segunda), pode-se notar o corpo saliente sustentado por mísulas de sentido vertical que transferem a carga da edícula para o corpo da cortina, como no desenho de David McCaulay.

As últimas fotos da comua, foram obtidas no Google Earth.


As rígidas temperaturas locais e os ventos sudoeste cortantes (o minuano), impõem uma tecnologia de fechamento e aquecimento nos interiores, em cerâmica cozida. Portas e janelas também vedam os vãos de maneira extremamente particular, principalmente no quartel do oficialato. Notar a delicada cimalha sobre a parede.

A lavra da pedra assume características muito marcantes, após a decupagem do projeto. Hoje não teríamos mão de obra capaz de (sem as ferramentas de corte utilizados pelas mineradoras, peões ou até pelos “marmoristas”) fazer um talho semelhante aos encontrados na fotos abaixo, que a pátina do tempo e os fungos se encarregam de disfarçar.