Fuerte del Cerro & Ciudad Vieja – Montevideo

Uma divagação – Conjecturas a cerca da Etimologia da palavra Montevidéu.
O estudo da palavra Montevidéu, da sua história e das mudanças ocorridas sugere algumas reflexões sobre este vocábulo, antes que possamos entrar nos meandros da Estereotomia no Uruguai.
a) MONTE VIDE EU: esta interpretação é bastante comum (e que de tão corriqueira chegou a dar nome a um vinho de corte produzido na Bodega uruguaia Bouza), faz referência a um jogo de palavras que teria sido utilizada por um navegante ao descrever o sítio onde se localizaria a futura cidadela. Baseia-se na lenda segundo a qual um marinheiro português que estava de vigia no mastro principal da nau teria proferido o similar uruguaio ao “terra a vista” e teria bradado alertando aos demais “Monte vi eu”, ou seja, teria gritado “eu vejo uma montanha ”.
b) MONTE – VI – D – EO: Segundo esta engenhosa interpretação, certa carta teria feito referência ao sexto morro (VI em algarismos romanos) encontrado no estuário do Rio da Prata, navegando-se de Leste para Oeste, ou seja, no sentido que ia do Oceano Atlântico para o ocidente interiorano, do Cabo de Santa Maria (hoje Punta del Este) para a região do Rio Uruguai.
c) MONTE VIDI: esta interpretação, é baseada no diário de Francisco de Albo, que relatou a presença de Fernando de Magalhães no Rio da Prata à busca do canal que ligasse o Atlântico ao Pacífico, no ano de 1520. Neste diário se encontra a conjunção de termos “Monte-vidi”, denominação conhecida e citada por vários historiadores; teria sido então uma referência ao morro avistado quando entraram no rio Solís, local aonde ancoraram os navios da expedição. Portanto, a aproximação “monte se vê” é composta de termos sugeridos por sua grande visibilidade marítima; ou seja, “monte muito visível”, uma montanha que se destaca à grande distância, que é facilmente visível.
d) MONTE OVITI: plausível definição atestada pelo erudito Dr. Boaventura Caviglia. Segundo ele, o nome deriva da conjunção da palavra Monte com o termo indígena “oviti” (que significa “morro pontudo”). Assim o nome seria uma duplicação da mesma palavra, proferida em em três línguas, a saber, a nativa tupi (ou guarani), português e espanhol.
e) MONTE VIDEO: Encontrado em diversos mapas.
f) MONTE SANTO OVÍDEO: Por dedução, esta hipótese nos parece a mais plausível para o surgimento do nome da capital do lindo e amigável país vizinho. Como é sabido nos meandros da História, os navegadores, tanto portugueses quanto espanhóis, batizavam com o nome do santo do dia aos diversos acidentes geográficos encontrados. Assim, na América lusitana foram denominados, por exemplo, o Cabo de São Tomé, a Ilha de São Sebastião, o citado Cabo de Santa Maria, a Ilha de Santa Catarina, Santa Maria del Buen Aire (hoje Buenos Aires), Cabo de Santo Agostinho, Santa Crux de La Sierra, entre inúmeros outros. O bonito nome do morro, acometido de corruptela, abreviação, vício de linguagem ou algum maneirismo, se transformou em algum momento entre os séculos XVII e XVIII em Monte Vidio (como se conclusivamente nos detalhes dos mapas abaixo). A prevalecer a consideração desta versão, o morro teria sido avistado desde o Rio da Prata no dia 2 de junho e o pessoal descido à terra a 3 de junho, dia de Santo Ovídio.

Mas, por enquanto, tudo é hipotético.

Mapa de 1727




Notícia Histórica “FUERTE DEL CERRO”, FORTALEZA GENERAL ARTIGAS

(por Mariana Brazuna e Victoria Donald)

O Fuerte del Cerro foi construído em 1811, como consequência das invasões inglesas em 1809, que, por sua vez, são sequelas das guerras napoleônicas na Europa, em 1808. Arquitetado no ponto mais alto da região, da cidade de Departamento, Montevidéu, tem altitude de 132 metros acima do nível do mar, à margem do Rio de la Plata. Construído em torno do primeiro farol, de 8 metros de altura, foi inaugurado em 4 de abril de 1802, 9 anos antes da construção do Forte propriamente dito. Sua faixa de luz está a 148 metros acima do nível do mar. Até 1818, seu sistema de iluminação era movido a óleo de origem animal, porém atualmente funciona através de um motor elétrico, com uma lâmpada de 1000watts, possui um alcance de 19 milhas (desde 1942).

A Fortaleza era o que definia a baía, sua função não era apenas de proteger, mas também de garantir a iluminação pública e de sinalizar os navios para a entrada no porto e também para o controle sobre qualquer navio que se aproximasse.

Inicialmente, houve queixas de que sua arquitetura não atendia a certos requisitos militares, precisando assim de adaptações, como por exemplo a troca do sentido das portas da fortificação, visto que a primeira expunha a vulnerabilidade de quem entrava e saía do forte, onde qualquer navio perto da baía poderia avistar, possibilitando um possível ataque com os canhões.

Durante testes de artilharia, as vidraçarias do farol se estilhaçaram com os estrondos dos tiros, os quais, aparentemente, alcançaram a borda do largo da costa a mais de 1.500 metros, distância que dificultava o alcance dos tiros dependendo muito da qualidade da pólvora e do cano.

No século 19, as forças brasileiras controlavam o Uruguai na época, e após a proclamação da independência das províncias unidas do rio da prata, ocasionou a retomada de conflitos violentos na região conhecida como Banda Oriental do Uruguai, que não aceitava imposições de Buenos Aires. Visto a oportunidade de resguardar as fronteiras e expandir o império, D. João ordenou invasão e ocupação da região, que se tornou a Província Cisplatina, incorporada ao Brasil até 1827.

No forte, existia um calabouço, onde era também o lugar de armazenamento de pólvora, possuía um telhado antibombas e ventilações pequenas o suficiente para que não fosse possível atear fogo no material inflamável.

A fortaleza possuía um sistema interno e seguro de abastecimento de água, que consiste em um encanamento que recebia água principalmente dos tetos para uma fonte que, historicamente, nunca secou e nunca cedeu. Isso contribuiu para a segurança dos soldados, que não precisavam sair da fortificação à procura de água.

Em 1910, após o fim das guerras, Capitão Felix Etxepare (em 1911 nomeado pelo governo e ministério, responsável por montar um museu militar) começou a coletar toda uma herança cultural, através das famílias dos militares, com o propósito de fundar um museu no Fuerte del Cerro, que só conseguiu fundos necessários para tal em 1915, ao final do governo do vale. O Museu militar nasceu em 1911, após o fim das guerras civis.

Em 1939, interessado na recuperação do patrimônio cultural, o presidente da república, Alfredo Baldomir, foi o próprio diretor das obras de restauração da Fortaleza del Cerro de Montevidéu.

Até 1930, a fortaleza servia de acomodação para unidades militares. Um ano depois, foi declarada Monumento Nacional, decidindo sua reconstrução. Em 1939, foi inaugurado o Museu Militar, onde atualmente expõe a evolução histórica do armamento nacional, bem como a relação da Fortaleza com a história regional.


Como pode-se notar, as cortinas do “fuerte”eram compostas em canjicado irregular, mas com muita atenção aos vincos e às arestas. Acima da gola, as guaritas poligonais forneciam postos de vigia e resguardavam a posição da estrutura militar.

A acesso ao forte, se faz através do vão coberto por uma abobadilha em arco rebaixado que sustenta um passadiço, onde ser encontra um local de observação.

A sede do quartel está centralizada em terreno muito bem nivelado. Afloram de suas brancas paredes os estereotômicos cantos primitivos, cujos blocos se estabilizam entremeados à própria parede. Algo surpreendente, são os acréscimos laterais, posteriores (século XIX), sem dúvidas.

Todavia, pode ser que o Cerro citado ao início faça menção ao monte que exista à Leste de quem entra na baia de Montevidéu e não a Oeste.