Para ampliar as fotos, clique em cima da mesma. Todas as fotos têm Copyright ©. Se precisar de uma delas entre em contato através do e-mail: pedrachave@eba.ufrj.br
O forte se situa em Itamaracá, junto à praia de Maria Farinha em frente à ilha da Coroa do Avião, local paradisíaco e de grande turismo, como se nota na foto de domínio público abaixo. Está situado junto ao mar a cerca de 35 Km da cidade de Recife.
O forte holandês foi construído a partir de maio, sob o comando de Steyn Callenfels, no ano de 1631. A denominação Forte Orange, foi em homenagem à Casa de Orange-Nassau que governava a Holanda. O forte primitivo ficou guarnecido por um destacamento de 366 homens e esse efetivo resistiu ao ataque das forças portuguesas em 1632. Em 1633, o forte foi ampliado e reparado por Sigmund van Schoppe. A posição favorecia o sistema defensivo do litoral. Após a rendição holandesa ocorrida em 1654, o forte foi tomado pelas forças portuguesas sob o comando do Coronel Francisco Figueiroa e a sua estrutura foi aproveitada pelos portugueses que o rebatizaram como o Forte de Santa Cruz de Itamaracá.
Abaixo: “Caerte vant Eylant Tamarcca – Desenho de 1647 de Johannes Vingboons”.
Na legenda do segundo desenho, nota-se uma escala em palmos e o seguinte texto: “PLANTA DA FORTALEZA DA ILHA DE ITAMARACÁ, EM 7º45’DE LAT SUL PERTENCENTE A PERNAMBUCO. A Fortaleza, no exame feito em 1788, achava-se arruinada nas partes que vão marcadas na planta, cada perfil corresponde a Tenalha que lhe fica contígua. A Tenalha do Leste faz frente para o mar: na Tenalha Sul fica a Barlavento: nas Tenalhas do N. e d’Oeste, a terra firme.
Interessante nesta representação é o fato de que cada uma das quatro fachadas se encontra rebatida para o lado correspondente.
No acesso ao forte, se nota o brasão de Portugal no frontispício. Além da insígnia, registre-se dois intervalos que ladeiam essa imponente peça arquitetônica, também conhecidas por ameias de portada, cuja função era dar passagem às correntes destinadas a baixar a ponte levadiça, uma herança dos castelos medievais. Tal elemento nos sugere, a exemplo de outras fortalezas, como o Forte da Ponta da Bandeira em Lagos (foto de domínio público, menor abaixo, à direita), tenha existido intenção da implantação de um fosso no local.
O exterior do Forte Orange nos demonstra, além do abandono ambiental a que infelizmente muito presente no Brasil, muito requinte estereotômico. As cortinas possuem cantos executados com cuidados excepcionais (foto abaixo), certamente executados por habilidosos mestres canteiros; acima das cortinas resistentes localiza-se a gola, situada à boa altura defensiva.
Outro destacado elemento arquitetônico são as bacias das guaritas ou dos baluartes, no canto agudo das tenalhas. Demonstrando raríssima conformação estereotômica, o conjunto de pedras lança-se em balanço, cortina afora, conforme fotos abaixo.
A época do levantamento apenas uma das guaritas se mantinha em pé, com sua meia laranja perfeita.
Transposto o portão principal em arco pleno (primeira e última fotos), nota-se um curioso sistema de defesa: uma câmara ou ainda um corredor forçado que aliás, não consta das plantas. Neste corredor, janelas e seteiras guarneciam o verdadeiro interior do conjunto, inclusive com um sistema de travamento, que visava prender o contingente invasor, entre o pórtico principal e o interior, procedimento muito também utilizado nos castelos europeus, pois além de retardar o avanço, neste local o inimigo se transformava em presa fácil. A quarta foto abaixo é um detalhe desta câmara, com o o segundo portão da fortaleza.
Em seu interior, há uma singela capela com beirais em beira-seveira, alguns quartéis, rampas de acesso aos platôs altos das tenalhas e um arremate exterior de poço que, em função da localização em terreno altamente salobro que, se hoje não existe mais, um dia possa ter existido uma cisterna em abóbadas.
As fotos abaixo, tomadas de ângulo superior, mostram respectivamente um dos platôs das tenalhas, a câmara de segurança e a murada, sobre a cortina e a gola, junto a um passadiço superior, em areia.
A foto abaixo registra artigos encontrados pela arqueologia da UFPE, tais como grilhões, balas de canhão, partes de carretas, de armamentos de artilharia, dobradiças e outros.
As imagens seguintes foram obtidas pelo Google Earth e Maps em junho de 2020. Acreditamos que já exista imagem mais atualizada, uma vez que em 2018 terminou a última restauração do Forte Orange.
Na primeira pode-se notar, na parte inferior direita, um trecho da Ilha da Coroa do Avião. Explicam os locais que a palavra “croa” significa banco de areia. Na década de 1940, um pequeno avião da FAB fez um pouso forçado na ponta da ilha. Logo a população apelidou o local de Ilha da Coroa do Avião.