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Texto e fotos de autoria do Prof. Dr. Dalton A. Raphael
O Arq. Pe. João Batista Primoli, projetou em 1735, a Missão de São Miguel; era jesuíta e arquiteto, nascido na Itália e esteve também em Buenos Aires, onde dirigiu a construção da Igreja de San Telmo.
Aspecto geral da Missão de São Miguel.
Fotos do interior da Igreja onde dominam os arcos plenos, cada um sustentado por seus apoios e estabilizado por sua pedra chave.
Fotos acima: detalhes das pedras esculpidas que compõe os capitéis dos contrafortes e da cimalha, na arquitetura de São Miguel.
Ângulo geral da Igreja da Missão.
Detalhe da Estereotomia- Missão de São Miguel
Cimalha real em interior de ambiente.
Detalhes de uma das gárgulas sobre a cimalha real, dos coruchéus e de um beiral frontal, na Missão.
Detalhe da cimalha real, primoroso acabamento.
Contrafortes, à maneira de pilares circulares, próximos à galilé da Igreja
Cimalha real do campanário, próximo à galilé.
Arco pleno, da galilé e outro, na nave.
Maciços junto ao nártex.
No Museu (Pavilhão Lúcio Costa) situado na Missão de São Miguel há incontáveis exemplares de colunas esculpidas em pedra (Itacuru) trabalho dos Guaranis, que foram utilizadas na Redução.
Na primeira foto da esquerda, nota-se 6 cachorros em ótimas condições que foram utilizados na Igreja de São Miguel, vê-se também um santo. Nas outras fotos, um fragmento de capitel jônico, uma testada de retábulo ou de sobreverga (pendurado na parede) com o Sagrado Coração de Jesus, lindamente esculpido e na última foto dois fragmentos de cimalha real, repousados na grama.
Magníficos exemplos, tanto da torêutica em madeira e das fundições em ferro, quanto da escultura em pedra na magnífica cruz missioneira, todas promovidas pelos Jesuítas em São Miguel. Atrás da cruz, um pé de guaimbé, planta utilizada pelos nativos para tecitura.
Um pouco de História:
A partir do século XVII, a Companhia de Jesus fundou inúmeras povoações nas Américas. Na América do Sul essas povoações se concentraram nos territórios hoje pertencentes ao Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai, Bolívia e Peru. Visavam ocupar territórios destinados à Espanha pelo Tratado de Tordesilhas, bem como difundir a fé cristã, imbuída do espírito da Contrarreforma. A Redução de São Miguel Arcanjo foi fundada em 1632, na região do Tape. Devido aos ataques destruidores e saqueadores do bandeirantes provenientes de São Paulo em busca de escravos indígenas, a população miguelina se mudou em 1638, para a margem ocidental do Rio Uruguay. Em 1687 retornou ao local de origem tentando conter as invasões dos portugueses, que tentavam ocupar o Rio da Prata e mantinham Colonia del Sacramento, como o ponto mais austral (meridional) dos seus territórios.
Dentre as Reduções, a Missão de São Miguel Arcanjo viveu seu apogeu na primeira metade do século XVIII, período em que ocorreu a construção da Igreja, abrigando então esta Redução seis mil Guaranis. O Tratado de Madrid (1750) determinou a troca do território pela Colonia del Sacramento (Uruguay). O tratado de limite das conquistas celebrado entre El Rey de Portugal, o Senhor Dom João V e o Rei da Espanha, Dom Fernando VI, assinado em Madrid em 13 de janeiro de 1750, estabeleceu novas fronteiras para as terras americanas dos dois reinos ibéricos. No extremo sul o Tratado de Madrid determinava a troca dos sete povos da banda oriental do Uruguay (que pertenciam aos espanhóis), pela Colonia del Sacramento (portuguesa). Pelo acordo, os Guarani e os Jesuítas deveriam abandonar seus próprios povoados, levando para o outro lado do rio Uruguay todos seus “bens móveis”.
A partir de 1752 começaram a chegar às regiões as comissões mistas encarregadas da demarcação do tratado. Os Jesuítas e os Cabildos dos povos missioneiros reagiram às decisões tomadas na Europa. Não sendo escutados, os Guarani resolveram dificultar a implantação do Tratado, à força. Como conseqüência, entre 1754 e 1756, travou-se a Guerra Guaranítica, na qual os exércitos daqueles dois países derrotaram juntos aos Guarani, que lutavam para permanecer em suas terras.
Os missioneiros foram liderados pelo índio José Tiarajú, também chamado Sepé, morto em 17 de fevereiro de 1756. Três dias depois, na batalha final de Caiboaté, morreram 1500 índios a apenas 4 aliados.
Em 17 de maio, as comitivas, portuguesa e espanhola, vitoriosas ocuparam a Redução de São Miguel Arcanjo e suas impressões sobre a cultura missioneira foi devidamente registrada em assentamentos, diários, desenhos e mapas.
Uma vez expulsos, o que restou do povo Guarani só pode retornar ao seu lugar em São Miguel, após o Tratado de El Pardo, em 1761.
Os Sete Povos voltaram ao domínio espanhol, mas a confiança nos Jesuítas e nas autoridades ibéricas, foi arruinada. Iniciou-se então, o declínio do povoado, que se acentua ainda mais com a expulsão dos Jesuítas em 1768 e a conseqüente implantação da administração espanhola.
Novamente, os Sete Povos foram invadidos pelos portugueses em 1801. Depois, ainda mais uma vez, foram saqueados pelos Uruguaios comandados por Rivera em 1829 quando foi aniquilada, o que ainda restava da cultura. Em 1835 restavam apenas 374 indivíduos da nação Guarani. Somente após 1930 o Brasil retoma a preservação do patrimônio edificado.
Atrás dos campos de Mate, distante cerca de 2Km da Missão, ficava a Fonte Missioneira, cuja função seria providenciar as aguadas para a lavoura. Alguns autores também citam como destinadas ao banho dos Padres.
[fotos com a colaboração de Fábio Camargo & Jennifer Henke-Missões Turismo]
Plantas de situação, elevação e detalhe explicativo de São Miguel Arcanjo executados pelo espanhol José Maria Cabrer.
Oração da Ave Maria traduzido pelos Jesuítas para a língua Guarani.