Ouro Preto, a famosa Villa Rica, faz jus ao antigo nome; é realmente rica, quando se trata de Arquiteturas (Civil, Oficial e Religiosa), Artes Decorativas Aplicadas do período colonial e de Histórias da mesma época, quase sempre referendadas por fontes primárias. Afinal, em Ouro Preto, podem ser encontrados os arquivos das diversas irmandades, da câmara municipal e outros, que sempre poderão corroborar a História a ser recomposta.
A pujante cidade universitária de hoje, em na verdade era algo diferente no período colonial. Se tratavam de dois arraiais, um Paulista, (hoje bairro de Antônio Dias) e outro emboaba (Pilar). Ambos os arraiais foram crescendo em direção à Praça Tiradentes, assim denominada em homenagem ao protomártir da independência. Para quem se situa frontal e olha o (hoje) Museu da Inconfidência, da Praça à esquerda desce para o bairro paulista a Rua do Ouvidor (Rua Claudio Manoel) e à direita, desce para o lado emboaba, a denominada Rua Direita (Rua Conde Bobadela). Portanto Vila Rica teve um desenvolvimento centrípeto, em direção ao centro.
(continuará)
Sobre como teria sido o panorama de viver em Vila Rica, século XVIII, disse o…
Conde de Assumar (Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos – 29 de setembro de 1688 – 09 de novembro de 1756) , “Discurso Hist. e Polít. sobre a sublevação que nas Minas houve no ano de 1720”, p. 8.
“Das Minas e seus moradores bastava dizer o que dos do Ponto Euxino, e da mesma região afirma Tertuliano: que é habitada por gente intratável, sem domicílio, e ainda que está em contínuo movimento, e menos inconstante, que os seus costumes: os dias nunca amanhecem serenos: o ar é um nublado perpétuo: tudo é frio naquele pais, menos o vicio, que está ardendo sempre. Eu, contudo, reparando com mais atenção na antiga e continuada sucessão de perturbações, que nela se vêem, acrescentando que a terra parece que evapora tumultos: a água exala motins: o ouro toca desaforos: destilam liberdades os ares: vomitam insolências as nuvens: influem desordens os astros: o clima é tumba da paz e berço da rebelião: a natureza anda inquieta consigo, e amotinada lá por dentro. É como no inferno”.
Igreja da Venerável Ordem Terceira de São Francisco de Assis de Ouro Preto